Você é da turma que ama ou que odeia calça saruel? Não há meio termo com a saruel – a calça de origem oriental que os estilistas tentaram emplacar no ano passado, não deu muito certo, mas agora está vindo com força total. E tende a ser moda no verão por ser larguinha e ser valorizada por tecidos como algodão. A saruel tem um gancho bem baixo. Não agarra na bunda, ideal no calor e depois da praia. Também é conhecida como calça-pijama. Às vezes, o tal gancho (ou cavalo) é tão baixo que ela vira quase uma calça-saia, presa pelos tornozelos. Como usar? Quem pode? Como escapar das armadilhas? Dá para ficar elegante, sem cara de hippie deslocada? Engorda? É só para as altas e magras – aquelas mulheres que não somos nós e que vemos nos desfiles de moda – vestindo coisas que jamais usaríamos?
A saruel envolve muitos mitos. Na verdade, o resultado e o efeito dependerão muito mais do tecido, do corte, da combinação com as camisas e os sapatos, da situação, da sua atitude e do seu estilo do que propriamente da sua altura. Para se ter uma idéia, dependendo da modelagem, a saruel serve até para disfarçar quadris grandes.
(Deve ser por isso que a maioria dos homens implica com a saruel: eles preferem verificar direitinho o contorno do bumbum e das coxas, em vez de dar lugar à imaginação e ter uma surpresa depois. Mas as muito apertadas podem ser cruéis. Já viu coisa pior e mais brega do que essas leggings justésimas que acentuam tudo, todas as imperfeições, e funcionam quase como uma ultrassonografia das pernas e do bumbum? Mostram até veias. Socorro, não?).
O termo “sarouel” é francês e tem origem árabe. A saruel vem das calças johdpur e dhoti. Todas tem um grande volume entre as pernas. Usa-se muito na África e no Oriente Médio.
Tem gente que confessadamente detesta, como a estilista Glorinha Kalil, que acha a saruel parecida mesmo com “um fraldão”: “É a roupa mais democrática do mundo. Veste mal qualquer pessoa, de qualquer idade”.
Mas a estilista Lílian Pacce adora. E seu gosto não tem nada a ver com moda. Há muitos anos ela veste saruel. A mais antiga que tem, ela comprou no Peru. Lílian passou para Mulher 7×7 umas dicas importantes para quem tem vontade mas não tem coragem.
“Adoro, tenho saruel de 10 anos atrás, é uma tentação, é um convite ao relaxamento, e por isso precisa tomar cuidado para não parecer relaxamento, não ficar com um visual meio desleixado. Acho que as brasileiras resistiram sim no ano passado, mas agora estou vendo nas ruas. Veio a calça boyfriend, mais larguinha, uma silhueta mais largada e que foi adotada pelas mulheres e pelas meninas. E sinto que a saruel vai pegar mais no verão, porque o calor não pede nada justo. É uma calça mais tropical mesmo”.
Os 7 mandamentos da calça saruel, segundo a estilista Lílian Pacce (dúvidas sobre moda: www.lilianpacce.com.br):
1) Combinar com tênis dá uma esculachada desnecessária. Dá muito volume, achata mesmo. Fica aquele bololô embaixo. Melhor combinar com sandália, baixa ou alta, ou então sapatilha rasteira.
2) Quem tem quadris largos precisa de uma saruel que não realce o quadril. Ideal para as de quadris muito estreitos porque, além de ser confortável, dá uma enchidinha.
3) Para as mais baixas, é melhor escolher uma saruel com perna mais afunilada. O volume de tecido entre as pernas deve ser menor.
4) Franzida na cintura e com cós baixo, somente para quem não tem barriga nenhuma. Cintura baixa é, sempre, algo avassalador para quem tem barriga.
5) O mais importante é prestar atenção na proporção entre o comprimento da perna e o cavalo (gancho). É essa proporção que vai deixar a mulher mais achatada ou mais alongada. O gancho menor com a perna mais afunilada aumenta a altura.
6) O tecido mais fino e elegante – seda, linho – valoriza a saruel. Transforma um modelo chamado de pijama em uma calça de festa.
7) Uma calça saruel sempre pede combinações mais simples e secas porque senão o visual fica comprometido, muito pesado. Camisetas sequinhas, pés leves.
Confira os visuais abaixo. Certo? Errado? Saiba por quê e aprenda a usar a saruel em proveito próprio, sem cair em armadilhas.